A ORIGEM
O Jiu-Jitsu originou-se há mais de 2.500 anos na Índia, através dos monges budistas que em suas viagens sempre eram saqueados, e para evitar isto eles inventaram uma forma de se defender, dai nasceu o Jiu-Jitsu, um tipo de luta que ao pé da letra significa arte suave e tem três princípios básicos: a técnica, a alavanca e a base.
Essas técnicas saíram da Índia, passaram pela China antes de chegar ao Japão, cerca de 400 anos atrás, onde encontrou as condições ideais para evoluir além de iniciar o uso do Kimono.
Somente no Século XX o Jiu-Jitsu Japonês chegou ao Brasil, mais especificamente em Belém do Pará.
FAMÍLIA GRACIE E O JIU-JITSU
O primeiro contato da família Gracie com o Jiu-Jitsu Japonês foi em 1920, através de Mitsuyo Maeda, também conhecido como Conde Koma, que era considerado um dos melhores lutadores de Jiu-Jitsu do Japão.
Nessa época, Conde Koma veio para o Brasil, como parte de uma grande colônia de imigração japonesa, e em Belém do Pará, tornou-se amigo Gastão Gracie, um diplomata de descendência escocesa, muito influente na região, que ajudou Maeda a estabelecer-se no Brasil.
Para demonstrar sua gratidão, Maeda prontificou-se a ensinar o Jiu-Jitsu japonês tradicional a Carlos Gracie, filho mais velho de Gastão. Carlos aprendeu por alguns anos, e depois, passou seu conhecimento para os irmãos.
HÉLIO GRACIE
Nascido em 1 de Outubro de 1913, Hélio Gracie foi o maior responsável pelo refinamento técnico da arte japonesa, e pela difusão do Jiu-Jitsu no Brasil e no mundo.
Devido à sua frágil saúde, Hélio Gracie, o mais franzino dos Gracie, não podia treinar o Jiu-Jitsu ensinado pelos seus irmãos, especialmente Carlos Gracie.
Observador, passou a acompanhar dos seus treze aos dezesseis anos, as aulas ministradas por Carlos, aprendeu todas as técnicas e ensinamentos de seu irmão, mas, para compensar seu biotipo, Hélio aprimorou a parte de solo tradicional, através do uso de alavanca, dando-lhe a força extra que não possuía.
Em 1961 Helio Gracie criou o primeiro programa de vale tudo no mundo, chamado “Heróis do Ringue”, e em 1967 foi o responsável pela criação da primeira Federação de Jiu-Jitsu do mundo, chamada Federação de Jiu-Jitsu do Estado da Guanabara, e foi seu presidente por muitos anos.
No dia 29 de Janeiro de 2009, aos 95 anos, Hélio Gracie faleceu e deixou como legado as raízes do esporte que ensinou e difundiu por todo o planeta.
A EFICIÊNCIA
Para provar a eficácia de seu novo sistema, Hélio Gracie desafiou publicamente todos os praticantes de artes marciais mais respeitados do Brasil e do mundo. Participou de várias lutas, e após subir no ringue com o campeão mundial Masahiko Kimura, foi convidado por ele, para que fosse ensinar no Japão, admitindo que aquelas técnicas que Hélio apresentara durante a disputa não existiam no Japão. Era o reconhecimento do melhor do mundo à dedicação de Hélio ao refinamento da arte.
Aos 43 anos, Hélio Gracie e seu adversário Waldemar Santana, um ex-aluno, bateram o recorde mundial do mais longo combate de vale-tudo da história, quando lutaram, incrivelmente durante 3 horas e 40 minutos, sem intervalos! Hélio Gracie amplamente considerado o primeiro herói do esporte na história brasileira, também desafiou alguns ícones do boxe, como Primo Camera, Joe Louis e Ezzard Charles, todos recusaram.
Uma lenda contemporânea, Hélio Gracie conquistou aclamação internacional por sua dedicação à divulgação da arte e da filosofia do Gracie Jiu-Jitsu.
Devotado à família, um exemplo de vida saudável, Hélio foi um símbolo de coragem, disciplina, determinação, e uma inspiração para todos os que o conheceram.
DESAFIOS DE HÉLIO GRACIE
1932 – Venceu o boxer Antônio Portugal com uma chave de braço
1932 – Empatou com o judoca japonês Takashi Namiki
1932 – Empatou com o gigante da luta livre Fred Ebert
1934 – Venceu o judoca japonês Taro Miyake com um estrangulamento
1934 – Empatou com o lutador de luta livre Wladek Zbyszko
1935 – Venceu o lutador de luta livre Dudu por nocaute
1935 – Empatou com o judoca japonês Yassuiti Ono
1936 – Empatou com o judoca japonês Takeo Yano
1936 – Venceu o lutador de sumô Massagoishi com uma chave de braço
1937 – Venceu o boxer Erwin Klausner com uma chave de braço
1937 – Venceu o capoeirista Espingarda por finalização
1950 – Venceu Landulfo Caribe com um estrangulamento
1950 – Venceu Azevedo Maia com um estrangulamento
1951 – Empatou com o judoca japonês Jukio Kato
1951 – Venceu o judoca japonês Jukio Kato com um estrangulamento
1951 – Perdeu para o judoca japonês Masahiko Kimura com uma Kimura
1955 – Perdeu para o ex-aluno Waldemar Santana por nocaute técnico
1967 – Venceu Valdomiro dos Santos Santana Ferreira com um estrangulamento
DE PAI PARA FILHO
Após uma vida inteira de dedicação para provar a eficiência de sua arte e sua filosofia de vida, o Grande Mestre Hélio Gracie direcionou suas forças para que sua família aprendesse e difundisse o Gracie Jiu-Jitsu.
Pai de 9 filhos: Rorion, Relson, Rickson, Rolker, Royler, Royce, Rhérika, Robin e Ricci, dedicou sua vida a treinar todos os homens de sua família para levar a bandeira Gracie ao mundo como forma de difundir sua filosofia de vida.
“O Jiu-Jitsu que criei foi para dar chance aos mais fracos enfrentarem os mais pesados e mais fortes.
Gostaria de deixar claro que sou a favor da prática esportiva e da preparação técnica de qualquer atleta, seja qual for sua especialidade. Além de boa alimentação, e da abstenção de hábitos prejudiciais à saúde.
O meu Jiu-Jitsu é uma arte de autodefesa que o objetivo é, principalmente, beneficiar os mais fracos.”
Hélio Gracie